quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cola é instituição nacional



Se quiser me tachar de rabugenta, sinta-se à vontade. A verdade é que ninguém conseguirá me persuadir de que a corrupção, este câncer terminal que acomete o nosso encrencado país, não emane da primeira cola.
Como aquele primeiro sutiã, que a gente nunca esquece, a cola acaba se tornando um acessório natural para o jovem mutreteiro. “Faz parte”, como diria aquele brutamontes que enganou e mentiu para vencer o show da realidade, mas todo mundo fez que não viu.
Na primeira vez que os futuros políticos, fiscais, jornalistas, juízes, empresários e comerciantes falsificam um resultado na escola, pode crer, a porteira se abre.
Quem cola passa a achar a coisa mais natural do mundo usar de truques e enganação para atingir o sucesso. A cola é tão natural que acabou se tornando uma instituição nacional, tão enraizada em nosso dia-a-dia quanto a propina e a sonegação de impostos.
“Faz parte” chegar em casa depois de alguma prova e anunciar aos pais que só se conseguiu um bom resultado em razão de se ter colado. “É isso aí, filhão! Garoto esperto!” Também “faz parte” pais e mães aplaudirem a molecada pelo bom resultado escolar, tenha ele sido obtido na base da cola ou do suor da testa. Chegamos ao requinte de ver pais ajudando os filhos na compra de equipamentos eletrônicos, como fones de ouvido para telefone celular, que serão usados exclusivamente para perpetrar a cola.
A prática da cola é tão lícita entre nós, tapuias, que um dos maiores jornais do país, O Estado de S. Paulo, batizou seu caderno para jovens de “Cola”. Que tipo de mensagem O Estadão está tentando dar? Que ser “ishpertinho” e manhoso merece aplauso?
Alô, Homer Simpson! Depois o pessoal ainda chia quando o Brasil é tratado como um país de trapaceiros, até pelos autores de nosso desenho animado predileto.
“Quem não cola não sai da escola”. Parece brincadeira, mas estamos acostumados a conviver placidamente com o lamentável ditado, como se fosse mesmo verdade que só se dá bem na escola e na vida quem engana, mente e trapaceia. Será rabugice minha ou esse tipo de fundamento escroque não causa a proliferação de tudo aquilo que se opõe à ética e ao talento?
Veja só: estudei a vida inteira na Escola Britânica de São Paulo e nunca colei ou vi alguém colar. A inglesada muito se orgulha do fairplay, o jogo limpo, que eles alegam ter inventado. A cultura deles não incentiva essa mania de vencer a qualquer custo. Nas escolas inglesas, o aluno passa de ano em função da avaliação global do trabalho realizado ao longo do ano, e não baseado na média de notas, como aqui.
Ou seja: lá, eles dispõem de tempo, dinheiro e gente treinada para dar atenção a cada aluno individualmente. Lá, você não é um número que tem a obrigação de produzir apenas boas notas. No fim das contas, é esse “pequeno” detalhe que separa o joio do trigo.
Bárbara Gancia é colunista da Folha de S. Paulo
http://www.mundofisico.joinville.udesc.br

I. A cola é tão natural que acabou se tornando instituição nacional. Esse período contém uma oração com idéia de conseqüência.
II. Faz parte, como diria aquele brutamontes. Ocorre, nessa passagem, uma idéia de causa expressa pelo conetivo como.
III. que serão usados exclusivamente para perpetrar a cola. Há nesse trecho uma idéia de finalidade.

01- A alternativa que corresponde à adequada análise é:

A - ( ) somente I está correta;
B - ( ) I e II estão corretas;
C - ( ) I, II e III estão corretas;
D - ( ) II e III estão corretas;
E - ( ) I e III estão corretas.
02- Responda:
a) Qual a pessoa do discurso?

b) Qual o posicionamento da autora diante à questão? Extraia um argumento que corrobore para a sua afirmação.




03- (UFMT) No período:
“Procederam segundo ordenava a lei”, existe uma oração subordinada:
a) consecutiva
b) conformativa
c) condicional
d) causal
e) concessiva

04-(Mack-SP) No período: “Era tal a serenidade da tarde, que se percebia o sino de uma freguesia distante, dobrando a finados”, a segunda oração é:
a) subordinada adverbial causal
b) subordinada adverbial concessiva
c) subordinada adverbial consecutiva
d) subordinada adverbial condicional
e) subordinada adverbial temporal

05- (UFSC) Assinale a oração subordinada final:
a)”...mal o sol havia raiado, Pedrinho entrou em casa.
b)” Nos dias que se seguiram foram aparecendo as folhas”.
c)”Uma tarde, ao voltar da sanga, Ana viu Maneco Terra e o neto...”
d) “Depois viraram a terra, trabalhando de sol a sol.
e) “Maneco e Antonio aprontaram a terra para plantar o trigo.

06-(FEI-SP) Na expressão: “Deus te favoreça!” substitua o verbo favorecer por:
a) abençoar b)ouvir c) proteger
a)...............................................................................

b)...............................................................................

c)...............................................................................
VII
Cecília Meireles


Não ames como os homens amam.

Não ames com amor.

Ama sem amor.

Ama sem querer.

Ama sem sentir.

Ama como se fosses outro.

Como se fosses amar.

Sem esperar.

Por não esperar.

Tão separado do que ama, em ti,

Que não te inquiete

Se o amor leva à felicidade,

Se leva à morte,

Se leva a algum destino.

Se te leva.

E se vai, ele mesmo...

07- Localize, reescreva e interprete o que sugere:
a) um verso no imperativo


b) um verso no subjuntivo


c) um verso no indicativo

terça-feira, 24 de agosto de 2010

QUEM SÃO NOSSOS ÍDOLOS?

Cada época tem seus ídolos, pois eles são a tradução de anseios, esperanças, sonhos e identidade cultural daquele momento. Ao mesmo tempo, reforçam e ajudam a materializar esses modelos de pensar e agir.
Já faz muito tempo, Heleno de Freitas foi um grande ídolo do futebol. Entrava em campo exibindo seu bigodinho e, após o gol, puxava o pente e corrigia o penteado. O ídolo era a genialidade pura do futebol-arte.
Mais tarde, Garrincha era a expressão do povo, com sua alegria e ingenuidade. Era o jogador cujo estilo brotava naturalmente. Era a espontaneidade, como pessoa e como jogo, e era facilmente armado pelos brasileiros, pois materializava as virtudes da criação genial.
Para o jogador “cavador”, cabia não mais do que um prêmio de consolação. Até que veio Pelé. Genial, sim. Mas disciplinado, dedicado e totalmente comprometido a usar todas as energias para levar a cabo sua tarefa. E de atleta completo e brilhante passou a ser um cidadão exemplar.
Bem adiante vem Ayrton Senna. Tinha talento, sem dúvida. Mas tinha mais do que isso. Tinha obsessão da disciplina, do detalhe e da dedicação total e completa. Era o talento a serviço do método e da premeditação, que são muito mais críticos nesse desporto.
Há mais do que uma coincidência nessa evolução. Nossa escolha de ídolos evoluiu porque evoluímos. Nossos ídolos do passado refletiam nossa imaturidade. Era a apologia da genialidade pura. Só talento, pois esforço é careta. Admirávamos quem era talentoso por graça de Deus e desdenhávamos o sucesso originado do esforço. Amadurecemos. Cresceu o peso da razão nos ídolos. A emoção ingênua recuou. Hoje criamos espaço para os ídolos cujo êxito é, em grande medida, resultado da dedicação e da disciplina – como Pelé e Senna. Mas há o outro lado da equação, vital para nossa juventude.
Necessitamos de modelos que mostrem o caminho do sucesso por via do esforço e da dedicação. Tais ídolos trazem um ideário mais disciplinado e produtivo.
Nossa educação ainda valoriza o aluno genial, que não estuda – ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo. O bom aluno é diminuído, menosprezado, é aquele que só obtém bons resultados porque se mata de estudar. A vitória comemorada é a que deriva da improvisação, do golpe de mestre. E, nos casos mais tristes, até competência na cola é motivo de orgulho.
O êxito em nossa educação passa por uma evolução semelhante à que aconteceu nos desportos – da emoção para a razão. É preciso que o sucesso escolar passe a ser visto como resultado da disciplina, da dedicação, da premeditação e do método na consecução de objetivos.
Adaptação: Cláudio de Moura Castro – Revista Veja, 6 de junho, 2001.
Vocabulário:
apologia – elogio, glória.
a cabo – levar à frente aquilo que começou a fazer.
consecução – ato ou efeito de conseguir.
desdenhar – desprezar.
desporto – esporte.
ideário – conjunto ou sistema de idéias políticas, sociais, econômicas, etc.
jactar – glorificar.
paradoxo – opinião contrária à comum, contradição.
premeditação – ato ou efeito de resolver com antecipação.


01-De acordo com as idéias do autor. Pelé é um ídolo que se assemelha mais a Garrincha ou a Senna? Justifique sua resposta com elementos do texto.
R: Senna
Hoje criamos espaço para os ídolos cujo êxito é, em grande medida, resultado da dedicação e da disciplina – como Pelé e Senna.
Que argumentos são utilizados pelo autor para defender a idéia de que nossa escolha de ídolos evoluiu?
R:Há mais do que uma coincidência nessa evolução. Nossa escolha de ídolos evoluiu porque evoluímos. Nossos ídolos do passado refletiam nossa imaturidade.
-Assinale a(s) alternativa(s) que traz(em) informação(ões) verdadeira(s) sobre o texto.
A - (  ) 
Para o autor, o que importa é a genialidade. A dedicação está em segundo plano.
B - (  ) 
Segundo o texto, há uma inversão de valores com relação ao reconhecimento daquele que deveria ser visto como bom aluno.
C - (  ) 
Para Cláudio de Moura Castro, a sociedade precisa de ídolos talentosos e geniais, modelos de sucesso e prestígio.
Rsposta: B

02-Assinale a frase que não pode ser completada com o que vai nos parênteses:
a)     Pagarei..........alguns empregados hoje à noite.(a)
b)     Naquela época, meu sobrinho assistia.........Belo Horizonte(em)
c)      Não implique........o colega.(com)
d)     Quando morava no campo, aspirava.........ar puro e sentia-se bem.(ao)
Resposta: D - (aspirava o ar)

03-Marque a alternativa em que ocorre erro na substituição por pronome átono:
a)     Obedeci ao professor. / Obedeci-lhe.
b)     Encontrei os animais na rua. / Encontrei-os na rua.
c)      Toquei o seu braço./ Toquei-lhe o braço.
d)     Visitou a amiga no hospital. / Visitou-lhe no hospital.
Resposta: D - (visitou-a)

04-(GAMA FILHO) Assinale a frase em que há erro de regência verbal.
a) O desmatamento implica destruição e fome.
b) Chegamos na cidade antes de anoitecer.
c) Jonas reside na rua marrecas.
d) Os ambientalistas assistiram a uma conferência
Resposta: B- (Chegamos a cidade)

05-Quanto à colocação pronominal, complete fazendo as definições:
a)Na ênclise o pronome vem depois do verbo, exemplo: “Quero-lhes muito com se fossem a minha família”.
b) Já na .mesóclise o pronome está no meio do verbo, exemplo: “Amá-la-ei depois do vestibular”.
c) E na próclise o pronome está antes.do verbo, exemplo: “Não se afobe”.

06- (MACK-SP) Assinale a incorreta:
a) Nunca se ouviu falar dele.
b) Apelidar-te-ei de “formoso”.
c) Me impuseram severo castigo.
d) Largaste-me só e desamparado.
 Resposta: C - ( impuseram-me)

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