sábado, 20 de novembro de 2010

Poema de sete faces




Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
 
 De Alguma poesia (1930)
 

Poema de outras faces
Quando eu nasci, um anjo duro
Desses que não se importam
disse: Vai aprender com a vida!

E então lá fui eu
Andar sozinha
pelas estradas escuras.

Me sinto estranha,
um pouco ansiosa,
Um tanto só.

Medo do escuro, medo do escuro...
Eu tenho constante fobia,
De que alguém sempre está lá.

Correr os dedos pela parede,
procurando luz
e sentir a pele se arrepiar,
Sentir alguém te observando,
Quando não tem nada ali.

E é o medo da morte,
o medo da vida,
o medo da dor que me assombra.

Medo do escuro, medo do escuro...
Olhar sem conseguir enxergar,
E NUNCA  mais ver a luz.

Ana Flávia 
9º Ano

ATIVIDADE DA SEMANA - 7ºC

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